11/04/2005

DISCOS: Tony Iommi - «Iommi»


UM GRANDE REGRESSO que passou despercebido. Como é que é possível eu só ter descoberto este álbum cinco anos após o lançamento? “Iommi” é um disco demasiado bom para passar despercebido e um verdadeiro item de coleccionador: não só para fãs de Black Sabbath, como para qualquer amante de rock pesado. Que, directa ou indirectamente, acaba por ser também fã dos Sabbath.
Apesar de toda a constelação de estrelas que se reuniu em torno deste projecto, o robusto riff de arranque recorda-nos que isto é, afinal de contas, um álbum a solo do grande Tony Iommi. Tudo começa com “Laughing Man (In The Devil Mask)”, cuja voz é do inconfundível Henry Rollins, que nos “trata” com o seu habitual “mau génio”. Segue-se “Meat”, onde Skin demonstra, como nunca chegou a fazer nos Skunk Anansie, os seus plenos dotes para o rock pesado. Cinco estrelas!


Após isto, em “Goodbye Lament”, parece que vêm os NIN. Mas não: é
Dave Grohl, que, entrando num registo familiar ao de Reznor, lá mais para a frente se desmascara e nos deixa perceber que é mesmo ele que lá está. Na voz e na bateria. E, a partilhar o protagonismo guitarrístico com Iommi, Brian May, cuja participação não passa despercebida.
O quarto tema, “Time Is Mine”, relembra-m
e que, se os Sabbath aparecessem hoje, não poderiam ter outro vocalista que não Phil Anselmo. Desde que ouvi a versão de “Electric Funeral” dos Pantera que tenho esta ideia em mente. Anselmo não só traz a sua energia magnética, como ainda devolve ao tema um peso e um arrastamento que ao início parecia não estar lá.


“Patterns” traz Serj Tankian, com a energia e habilidade melódica que habitualmente caracterizam a sua prestação nos System of a Down. O andamento acelera com “Black Oblivion”, que Iommi com Billy Corgan (voz, guitarra e baixo) e Kenny Aronoff (bateria). Com a voz nasalada que o caracteriza, Corgan traz a lume os seus piores pesadelos, que aqui e ali despontavam nos temas mais negros dos Pumpkins. Também no registo vocal a que nos habituou, aparece Ian Astbury, que, depois dos Cult e antes dos Doors, prestou uma válida colaboração neste disco, com “Flame On”. Em “Just Say No To Love”, Peter Steele (Type O Negative) dá voz e vida à negra fantasia de “dizer não ao amor”.

Depois, em “Who’s Fooling Who”, a banda mais pesada de todos os tempos parece ter renascido. Ao leme, Ozzy Osbourne comanda, inconfundivelmente, este lento arrastão, onde militam o baterista Bill Ward, que se junta a velhos companheiros de estrada, e o baixista Lawrence Cottle, que aqui se cruza com os membros que não encontrou na sua curta passagem pelos Sabbath.
O disco termina com aquela que acho a sua maior revelação: Billy Idol é, de facto, um cantor de rock duro. Idol consegue, finalmente, fazer jus à sua agressiva imagem de espécie de punk e de espécie de metaleiro que nunca chegou a ser. Com “Into The Night”, acompanhado pela secção rítmica dos extintos Soundgarden (Matt Cameron na bateria e Ben Shepherd no baixo), convence, de facto, que sempre quis “governar o mundo” e “acordar os mortos”, como o refrão indica. Uma agradável surpresa.

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Tony Iommi

“Iommi” é um disco que resulta especialmente bem devido àquilo a que eu chamaria o “efeito Black Sabbath”: para além de trazerem a “Iommi” um pouco das suas identidades, os convidados, sem excepção, recebem, em dose igual, um pouco do espírito Sabbath.
Como é que este álbum me passou despercebido?

(8/10)