11/25/2005

DISCOS: Echo & the Bunnymen - Siberia


Os Echo & the Bunnymen voltaram em Setembro último com um novo registo de originais intitulado "Siberia".
Formados em 1978 na cidade de Liverpool, os E&TB foram uma das mais importantes bandas urbano-depressivas do início dos anos 80, juntamente com os The Cure, os Joy Division ou os Sound.
A formação original que gravou verdadeiras pérolas como: "Crocodiles", "Heaven up Here", ou "Ocean Ray" era composta por Ian McCulloch, Will Sergeant, Les Pattinson e Pete de Freitas. Ambientes outonais, depressivos, mas sempre com aquela pontinha de luz ao fundo do túnel marcaram este primeiro período dos Echo. Foram algumas as canções que ficaram na memória: "The Cutter", "Over The Wall", "The Killing Moon" (incluído na banda sonora de "Donnie Darko") ou "Lips like Sugar".
Um acidente de automóvel matou o baterista Pete de Freitas em 1989. Entretanto Ian McCulloch lançou-se na aventura a solo e os E&TB ainda gravaram um disco sem a participação da sua voz em 1990, intitulado "Reverberation" (o grande fracasso da banda).
Em 1997 Ian McCulloch, Will Sergeant e Les Patinson fazem renascer a banda, lançando "Evergreen", um disco que pretendia seguir o estilo dos discos dos anos 80 (a própria capa remete para o ambiente gráfico de "Crocodiles"), mas sem a espontaneidade vocal de Ian McCulloch, aqui num registo mais sóbrio e próximo da estética britpop. Foi um digno regresso à aventura discográfica. Desde então a banda tem lançado discos espaçadamente: "What are you going to do with your life" de 1999, "Flowers" de 2001 e finalmente o disco de que me proponho falar aqui, lançado este ano, "Siberia".

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Em primeiro lugar "Siberia" é um disco de (boas) canções. Não trilha caminhos novos, preferindo seguir a fórmula dos discos antecessores. A crítica disse que terá sido o maior esforço de aproximação da banda à sua primeira fase. Não anda longe da verdade, mas na minha opinião a mais valia de "Siberia" é o apuro melódico da dupla McCulloch/Sergeant (Pattinson saiu entretanto). A voz de McCulloch parece ser como o vinho do Porto, com a idade vai melhorando, o trabalho de guitarra de Sergeant está ainda mais apurado que nos registos anteriores da segunda vida dos Bunnymen.
"Stromy Weather" abre o disco de mansinho, crescendo depois para um refrão poderoso: "You want it, you got it, there´s nothing chained down..." canta McCulloch. "All because of you days" é provavelmente o tema mais bonito: "baby maybe someday, maybe one day, we`ll say Hi!!". A guitarra de Sergeant a pontuar a melodia com notas soltas de uma delicadeza extrema. Depois vem "Parthenon Drive", muito próxima de "The Cutter". É o espírito da época anterior a espreitar especialmente na linha de baixo.
Destaque especial para "Of a Life", "Everything Kills Me" e "Sideways Eight" onde a guitarra de Sergeant volta a estar em destaque. "Scissors in the Sand" é o registo mais ríspido, com as guitarras mais aguçadas e McCulloch num tom mais rebelde, a fazer lembrar a aventura Electrafixion que encetou com Sergeant em 1995 e que apenas lançou o album "Burned". Para o final e como vem sendo sendo costume nos últimos registos dos Bunnymen, um tema calmíssimo com piano e a voz de McCullich quase em lamento: "What if we are".
Juntamente com "What are you going to do with your life", "Siberia" é o melhor disco após o renascimento dos E&TB. Imbuído do espírito dos registos dos anos 80, não deixa de ser um disco actual. E se os Coldplay são louvados por "copiarem" os U2, por que não deverão ser os Echo & the Bunnymen por se copiarem bem a si próprios?
Não é a descoberta da pólvora, mas é muito bom.

7/10

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Echo & The Bunnymen - Siberia, 2005
Ian McCulloch: Voz e Guitarra
Will Sergeant: Guitarra
Peter Wilkinson: Baixo
Simon Finley: Bateria
Hillary Browning: Violoncelo
Martin Richardson: Violino
Kate Evans: Violino
Mimi McCulloch: Pandeireta


1 Opinar:

At 28/11/05 19:39, Blogger Bogart said...

Como grande apreciador do movimento que caracterizou os Echo & The Bunnymen, assim como outras bandas de culto do norte de Inglaterra no final da década de 70, inicio de anos 80, devo confessar que fiquei muito contente com um novo trabalho para a banda de Ian McCulloch. Apesar de na minha opinião os seus grandes momentos já terem passado (bem como a todas as bandas desse movimento e dessa altura), é sempre muito interessante ouvir trabalhos de grupos que marcaram a diferença. Vou ouvir "Siberia" com toda a atenção que um álbum dos Echo & The Bunnymen merece.

 

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