8/28/2006

CINEMA: United 93

Upa upa puxadote!

É uma agradável surpresa, este retrato do género "estavas a pensar que levavas com um filme americanóide mas toma lá um filmaço" que nos apresenta Paul Greengrass. É um filme perturbador ao mais ínfimo pormenor e é exactamente por isso que é um grande filme. Seria fácil cair numa premissa de heroísmo romântico, como me parece que vai ser a de WTC [N.E. World Trade Centre] de Oliver Stone, mas felizmente não foi a isso a que o realizador se propôs.

A acção decorrida em alguns centros de controlo aéreo na manhã do 11 de Setembro demonstra o estado de "dormência" dos seus funcionários, confusos com o que viam e impotentes na resposta. Dentro do avião, há uma sequência de acontecimentos rápida e crua que nos mostra pessoas “simples” a tentarem manter-se vivas – visão que me parece mais razoável do que a "Bushiana" que afirma que os passageiros salvaram o Capitólio da fúria dos vilões. As rezas compulsivas dos terroristas até ao último momento das suas vidas, os telefonemas dos passageiros para terra (sem qualquer lamechice) e a sequência de cortar à faca da queda do avião, propiciaram, por altura dos créditos finais, o silêncio mais pesado de que me lembro assistir numa sala de cinema.

(7/10)