7/23/2006

AO VIVO: Belle and Sebastian - Elegia Pop - Coliseu dos Recreios Lisboa



Que bom que é disfrutar docemente cada pedacinho da vida. Assim poderia descrever sucintamente o concerto dos escoceses Belle and Sebastian num Coliseu dos Recreios muito bem composto.
Primeiro e único ponto negativo do evento: o atraso de quarenta e cinco minutos, algo habitual e lamentável em algumas salas de espectáculos lusas. O desfile de deliciosos pedaços pop da melhor estirpe dos últimos dez anos começou assim às dez e quarenta e cinco.

Stuart Murdoch foi o anfitrião da festa, sempre coadjuvado pelo multi-instrumentista Steve Jackson.
Mais timídos de início, os músicos acabaram por se deixar embalar pelo ambiente quente e festivo do público que nunca se cansou de aplaudir efusivamente cada um dos temas, e de fazer, inclusivé, várias sessões de "discos pedidos" - um deles acabou por ser satisfeito já perto do final: "Like Dylan in the movies".

"Este público é melhor que o de Madrid" disse Murdoch depois de todo o público ter assobiado com ele a parte final de "Loneliness of a Middle Distance Runner".
"The Life Pursuit", o último registo de originais dos Belle and Sebastian lançado este ano, poderia ter sido o mote principal do concerto, mas como referiu Murdoch num português esforçado e com cábula, que, sendo este o primeiro concerto da banda em Lisboa iríamos ter direito a uma bonita viagem ao passado, com passagem pelos incontornáveis "If you`re felling sinister", "The boy with the arab strap" e o primeiro registo, "Tigermilk". O tema título de "The Boy with the Arab Strap" foi aliás um dos pontos altos do concerto.
Inevitável foi a passagem pelo supracitado "The Life Pursuit", que provou a excelente forma dos Belle and Sebastian, em temas como: "Another Sunny Day", "For the Price of a Cup of Tea" ou "White Collar Boy". Isobel Campbell já cá não está, mas os B&S continuam bem e recomendam-se.

O espectáculo continua e Murdoch volta a ser um adolescente quando pede um cigarro a uma rapariga do público e a convida para subir ao palco para com ele dançar "Jonathan David". Estamos em 2006, mas o espiríto continua em 1996. A mudança aconteceu, mas maneirinha e contida.
Depois do maravilhoso "The State I`m In" e de hora e meia de concerto, saem do palco e voltam a entrar pouco depois sob os intensos aplausos da plateia e bancadas da sala lisboeta. Tocam mais dois temas. Saem outra vez, o público calma novo regresso que acaba por não acontecer.
Que em 2016 o espiríto permaneça em 1996, mas que no mesmo período temporal as visitas a Portugal sejam mais regulares.